Para você que já é mãe e está vendo sua filha crescendo e seguindo seu próprio rumo, afinal como diz o ditado: eles são para o mundo.
Lá vai minha filha...... do olho grande e da pele macia.
A menina que chegou trazendo todo um universo de novidades: emoções, medos, encantamentos e aprendizados.
Crescemos juntas, eu aprendendo ser mãe e ela aprendendo a ser ela mesma.
Descobrimos duas palavras mágicas, ela me chamou de mãe e eu a chamei de filha.
Palavras novas e viscerais que esperavam pacientes para se cumprirem.
Éramos duas sendo uma em muitos sentidos. Carne da minha carne, fruto do meu amor, sonho dos meus sonhos.
Ela me expandia e eu a protegia.
Ela me dava a mão eu todos os sumos.
Ela me dava a eternidade e eu lhe dava asas.
Ela me alargava o coração e eu lhe ensinava a caminhar sozinha.
Ela me cobria de beijos e eu a cobria de bênçãos.
Ela me me pedia colo e eu lhe pedia sorrisos.
Ela me ensinava e eu lhe descortinava o mundo.
Ela me apontava o novo e eu lhe ensinava lições aprendidas no passado.
Ela me falava de fadas e princesas e eu lhe falava de avós e gentes.
Ela me emprestava seus olhos encantados e eu rezava por um mundo melhor.
Ela me tirava o sono e eu cantava para ela dormir.
Ela me alegrava a vida e eu vivia para ela.
Quando o filho nasce começamos a nos despedir dele no mesmo instante.
Nosso elo só é enquanto no ventre.
Depois somos seus abrigos, condutore, provedores, sem nunca esquecer que eles começam a ir embora no dia que nascem.
No começo o tempo parece parar.
A plenitude da maternidade e a dependência dos pequenos criam uma ilusão de que será assim para sempre. Mas não, eles crescem inexoravelmente em direção à independência.
Cumpre-se o ciclo da vida e é melhor que seja assim, caso contrário significa que algo de muito triste, inverso ou perverso aconteceu.
Lá vai minha filha........ assim seja!
Olho seus olhos enormes e profundos e vejo os mesmos olhos que ainda na sala de parto me olharam intrigados e solenes, como que me reconhecendo, me convocando....Eu, imediatamente disse SIM á minha filha e a segui desde aquele instante, entregue.
O amor que senti foi tão avassalador e instantâneo que cheguei a ter medo.
Na hora que nasce o filho, a gente compreende a fragilidade da vida, a fugacidade das coisas e passa a ter medo de morrer.
O fato dela precisar de mim me torna única e imprescindível. Eu não podia falhar. A partir dalí tudo mudou, meu espaço, meu papel, minha relação com o mundo:eu era MÃE!
Crescemos juntas...mãe e filha.
Ao longo desses anos rimos, choramos, brigamos, resolvemos impasses, estreitamos laços, vencemos batalhas, enfrentamos noites escuras.
Contamos uma com a outra sempre. Às vezes era eu quem a socorria, outras, era ela quem me amparava.
Não foram poucas as vezes em que os papéis se inverteram e ela foi minha mãe.
Às vezes me pergunto se dei a ela tanto quanto recebi. Sinceramente acho que não.
Desde o momento zero, ela transformou minha vida e num movimento contínuo faz de mim uma pessoa melhor. Lá vai minha filha apaixonada e confiante.
Ensaiando voos, escolhendo caminhos, encerrando ciclos.
Eu feliz penso:CUMPRA-SE, FIQUE COM A LUZ.
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