segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Velha, não! Eu sou vintage!


Que bom encontrar por ai alguém que com eu também acha que idade não é nada!!!

- Fiquei decepcionada. Não gostei dos retratos. Esperava mais. Saí com cara de velha.
A filha, espantada com minha afirmação, num tom de deboche típico de pré-adolescente, me perguntou:
- Mãe, 50 te diz alguma coisa a respeito disso?
Na idade dela, eu tinha uma visão muito semelhante. Achava todo mundo com mais de 30 muito velho.  Hoje, relendo os fatos, vejo que me enganei.
Perdi algumas pessoas muito queridas nessa faixa de idade.  Eu, adolescente, me consolava pensando que a pessoa já estava mesmo meio velhinha, no fim da vida, era assim mesmo.
Quando, ano passado, cheguei aos 50, senti o frio dos que foram cedo muito perto de mim. Me olhando no espelho retrovisor, outro dia, vi os olhos do meu pai. Então, aqueles que foram cedo, eles eram novinhos também? Ou eu é que não sou mais?
E 50 é velha?  Como assim?  Eu me sinto tão cheia de ânimo, de disposição, de joie de vivre!  Quero cantar mesmo desafinado, dançar, rir.  Para a filha adolescente, eu pago mico. Não pode. Não pode? Quem é velha? Eu ou ela?  Qual a proposta, morrer em vida?
Já me deparei com essas questões inúmeras vezes no consultório.  Pessoas que se censuravam por ainda terem sede de uma vida que, imaginavam, não lhes cabia mais. Inseguras, incertas se podiam ainda ou não.  Se ficava feio. Seria ridículo?  E o que as pessoas iriam dizer?
A vida tem o tamanho que a gente dá. Ela pode ser pp ou GG.  Se, por medo do olhar alheio, restringimos nossa área de lazer, o que será de nós?
O que é ser velha?  O que uma velha pode ou não fazer?  Poucas questões são tão subjetivas quanto esta.
Começei, lá pelos 40, a ter dificuldade de enxergar bem de perto.  Agora, de longe, a coisa também já não funciona mais. Vista cansada. Está cansada de que, gente?  Eu aqui toda animada, tanta coisa para ver ainda, não cansa não. Vamos lá.
Reconheço que o corpo não é mais o mesmo.  A visão deu defeito.  O cabelo mudou de cor. A tireoide rateou. Nem vou falar do resto. Mas, só passa por isso quem não morre cedo.  Então é lucro. A gente vai fazendo umas gambiarras, e segue.
O tempo que passa, dá uma desgastada básica aqui e ali. Mas, traz a paz do ensinamento. A leveza de quem aprendeu que tudo acaba tendo um jeito. A satisfação com a felicidade, não perfeita, mas possível.
Uma falta de cor no cabelo, uns defeitos aqui, uma enrugada ali.  Se eu fosse móvel, iam dizer que era pátina e me amar!
Se eu fosse roupa, assim, com cara de muito usada, ia custar uma fortuna. Seria exposta na vitrine, para acirrar o desejo dos consumidores.
Em gente, não vale nada?  São minhas marcas, desgaste natural da quilometragem percorrida. Estão ali para mostrar que eu vivi. Como o vinho, agora mais velha, apurei o sabor.  A garrafa, está meio desgastada, o tempo deixa suas digitais.  Mas, lapida o conteúdo. Que no total, agora desce mais suave.
Quer saber de uma coisa? Eu não sou velha coisa nenhuma.  Eu sou vintage!

Ass: psicóloga e professora carioca Mônica El Bayeh

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Monólogo de uma mulher moderna:



'São 5.30H da manha, o despertador não pára de tocar e não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede.

Estou acabada. Não quero ir trabalhar hoje. Quero ficar em casa, a cozinhar, a ouvir musica, a cantar, etc. Tudo menos sair da cama, meter a primeira e ter de por o cérebro a funcionar.
Gostava de saber quem foi a bruxa imbecil, a matriz das feministas que teve a desgraçada da ideia de reivindicar os direitos da mulher e porque o fez connosco que nascemos depois dela?
Estava tudo tão bem no tempo das nossas avós, elas passavam o dia todo a bordar, a trocar receitas com as suas amigas, ensinando-se mutuamente segredos de condimentos, truques, remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos seus maridos, decorando a casa, podando arvores, plantando flores, recolhendo legumes das hortas e educando os filhos.A vida era um grande curso de artesãos, medicinas alternativas e de cozinha.
Depois ainda ficou melhor, tivemos os serviços, chegou o telefone, as telenovelas, a pílula, o centro comercial, o cartão de credito, a Internet!
Quantas horas de paz a sós e de realização pessoal nos trouxe a tecnologia!
Até que veio uma tipa, que pelos vistos não gostava do corpinho que tinha, para contaminar as outras rebeldes inconsequentes com ideias raras sobre vamos conquistar o nosso espaço' Que espaço?! Que caraças!
Se já tínhamos a casa inteira, o bairro era nosso, o mundo a nossos pés!!!
Tínhamos o domínio completo dos nossos homens, eles dependiam de nós, para comer, vestirem-se e para parecerem bem à frente dos amigos e agora?
Onde é que eles estão???
Nosso espaço???!!! Uma treta...
Agora eles estão confundidos, não sabem que papel desempenham na sociedade, fogem de nós como o diabo da cruz.
Essa piada... essa ideia estúpida, acabou por encher-nos de deveres. E o pior de tudo acabou lançando-nos no calabouço da solteirice crônica aguda!!!!
Antigamente os casamentos eram para sempre.
Porquê? Digam-me porquê, um sexo que tinha tudo do melhor que só necessitava de ser frágil e deixar-se guiar pela vida começou a competir com os machos?
A quem ocorreu tal ideia?
Vejam o tamanhão dos bíceps deles e vejam o tamanho dos nossos! Estava muito claro que isso não ia terminar bem.
Não aguento mais ser obrigada ao ritual diário de ser magra como uma escova, mas com as mamas e o rabo rijos, para o qual tenho que me matar no ginásio, ou de juntar dinheiro para fazer uma mamoplastia, uma lipo, ou implantes nas nádegas...
Alem de morrer de fome, pôr hidratantes, anti-rugas, padecer do complexo do radiador velho a beber agua a toda a hora e acima de tudo ter armas para não cair vencida pela velhice, maquilhar-me impecavelmente cada manha desde a cara ao decote, ter o cabelo impecável e não me atrasar com as madeixas, escolher bem a roupa, os sapatos e os acessórios, não vá não estar apresentável para a reunião do trabalho.
E não só, mas também ter que decidir que perfume combina com o meu humor, ter de sair a correr para ficar engarrafada no transito e ter que resolver metade das coisas pelo telemóvel, correr o risco de ser assaltada ou de morrer numa investida de um autocarro ou de uma mota, instalar-me todo o dia em frente ao PC, trabalhar como uma escrava, moderna claro esta, com um telefone ao ouvido a resolver problemas uns atrás dos outros, que ainda por
cima não são os meus problemas!!! Tudo para sair com os olhos vermelhos?
Pelo monitor, porque para chorar de amor não há tempo!
E olhem que tínhamos tudo resolvido, estamos a pagar o preço por estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, perfumadas, unhas perfeitas, operadas, sem falar do currículo impecável, cheio de diplomas, de doutoramentos e especialidades, tornámo-nos super-mulheres mas continuamos a ganhar menos que eles e de todos os modos são eles que nos dão ordens!!!!
Que desastre!
Quero alguém que me abra a porta para que possa passar, que me puxe a cadeira quando me vou sentar, que mande flores, cartinhas com poesias, que me faça serenatas à janela!
Se nós já sabíamos que tínhamos um cérebro e que o podíamos utilizar para quê ter que demonstra-lo a eles??
Ai meu Deus, são 6.10H, e tenho que levantar-me da cama...
Que fria está esta solitária e enorme cama! Ahhhh... Quero um maridinho que chegue do trabalho, que se sente ao sofá e me diga: Meu amor não me trazes um whisky por favor? ou: O que há para jantar?
Porque descobri que é muito melhor servir-lhe um jantar caseiro do que atragantar-me com uma sanduíche e uma Coca-Cola light enquanto termino o trabalho que trouxe para casa.
Pensas que estou a ironizar ou a exagerar?
Não minhas queridas amigas, colegas inteligentes, realizadas liberais..... e idiotas!
Estou a falar muito seriamente:
Abdico do meu posto de mulher moderna.'
E digo mais :
A maior prova da superioridade feminina era o facto de os homens
esfalfarem-se a trabalhar para sustentar a nossa vida boa!
Agora somos iguais a eles!

sábado, 4 de agosto de 2012

Eu amo minha filha!!!!!




Para você que já é mãe e está vendo sua filha crescendo e seguindo seu próprio rumo, afinal como diz o ditado: eles são para o mundo. 
Lá vai minha filha...... do olho grande e da pele macia. 
A menina que chegou trazendo todo um universo de novidades: emoções, medos, encantamentos e aprendizados.
Crescemos juntas, eu aprendendo ser mãe e ela aprendendo a ser ela mesma.
Descobrimos duas palavras mágicas, ela me chamou de mãe e eu a chamei de filha. 
Palavras novas e viscerais que esperavam pacientes para se cumprirem.
Éramos duas sendo uma em muitos sentidos. Carne da minha carne, fruto do meu amor, sonho dos meus sonhos. 
Ela me expandia e eu a protegia. 
Ela me dava a mão eu todos os sumos.
Ela me dava a eternidade e eu lhe dava asas. 
Ela me alargava o coração e eu lhe ensinava a caminhar sozinha. 
Ela me cobria de beijos e eu a cobria de bênçãos. 
Ela me me pedia colo e eu lhe pedia sorrisos. 
Ela me ensinava e eu lhe descortinava o mundo. 
Ela me apontava o novo e eu lhe ensinava lições aprendidas no passado. 
Ela me falava de fadas e princesas e eu lhe falava de avós e gentes. 
Ela me emprestava seus olhos encantados e eu rezava por um mundo melhor. 
Ela me tirava o sono e eu cantava para ela dormir. 
Ela me alegrava a vida e eu vivia para ela.
Quando o filho nasce começamos a nos despedir dele no mesmo instante. 
Nosso elo só é enquanto no ventre.
 Depois somos seus abrigos, condutore, provedores, sem nunca esquecer que eles começam a ir embora no dia que nascem. 
No começo o tempo parece parar. 
A plenitude da maternidade e a dependência dos pequenos criam uma ilusão de que será assim para sempre. Mas não, eles crescem inexoravelmente em direção à independência. 
Cumpre-se o ciclo da vida e é melhor que seja assim, caso contrário significa que algo de muito triste, inverso ou perverso aconteceu.
Lá vai minha filha........ assim seja!
Olho seus olhos enormes e profundos e vejo os mesmos olhos que ainda na sala de parto me olharam intrigados e solenes, como que me reconhecendo, me convocando....Eu, imediatamente disse SIM á minha filha e a segui desde aquele instante, entregue. 
O amor que senti foi tão avassalador e instantâneo que cheguei a ter medo.
Na hora que nasce o filho, a gente compreende a fragilidade da vida, a fugacidade das coisas e passa a ter medo de morrer. 
O fato dela precisar de mim me torna única e imprescindível. Eu não podia falhar. A partir dalí tudo mudou, meu espaço, meu papel, minha relação com o mundo:eu era MÃE!
Crescemos juntas...mãe e filha. 
Ao longo desses anos rimos, choramos, brigamos, resolvemos impasses, estreitamos laços, vencemos batalhas, enfrentamos noites escuras. 
Contamos uma com a outra sempre. Às vezes era eu quem a socorria, outras, era ela quem me amparava. 
Não foram poucas as vezes em que os papéis se inverteram e ela foi minha mãe. 
Às vezes me pergunto se dei a ela tanto quanto recebi. Sinceramente acho que não. 
Desde o momento zero, ela transformou minha vida e num movimento contínuo faz de mim uma pessoa melhor. Lá vai minha filha apaixonada e confiante. 
Ensaiando voos, escolhendo caminhos, encerrando ciclos. 
Eu feliz penso:CUMPRA-SE, FIQUE COM A LUZ.