sábado, 16 de junho de 2012

Labirintos!




Em todas as culturas, o labirinto tem o simbolismo de representação confusa da consciência matriarcal, do inconsciente e este universo só pode ser transposto por aqueles que encontram-se preparados para fazer uma jornada ao universo do inconsciente coletivo. Seu acesso portanto, só é viável ao iniciado que conhece de forma antecipada os planos, uma vez que o seu centro é reservado à ele. O labirinto conduz o homem ao seu próprio centro interior.

O Labirinto tem muitas significações, sua utilização vem de tempos imemoriais. Abaixo algumas teorias acerca desse símbolo de auto-conhecimento:

Símbolo de proteção, caminho de iniciação, entrada para o mundo espiritual... o labirinto sempre teve múltiplos usos pelas mais variadas culturas. 
O estudo dessa figura, através da geometria sagrada, permitiu descobrir a energia que este desenho guarda em seu interior. São muitas as pessoas que criam seus próprios labirintos para percorrê-los e receber essa energia positiva em sua vida cotidiana.
Podemos encontrar labirintos nas rochas do México e da Itália, em mantas e cestos dos povos primitivos norte-americanos, nas pedras do deserto da Líbia, em mosaicos na Escandinávia e Índia, nos solos das igrejas européias. Os labirintos se converteram em figuras universais utilizadas por numerosas culturas, com diferentes propósitos, sempre adaptando-os às necessidades de cada comunidade e seguindo uma estrutura similar.
A diferença dos labirintos comuns, que têm caminhos sem saídas e muitas ramificações, o labirinto da meditação consiste em um único caminho desde a entrada até o centro.
Sua origem é incerta, mas alguns estudiosos o situam na Grécia da Idade do Bronze, porque dessa zona procede a famosa lenda do labirinto do Minotauro, e porque ali se localizam antigas moedas do século III a.C., cunhadas com desenhos de labirintos.
A utilização desta figura por culturas tão distantes e diferentes como Grã Bretanha, Peru, Sumatra ou Creta, despe rta o interesse de antropólogos e arqueólogos que tentam averiguar o significado que nossos antepassados atribuíam ao símbolo labiríntico.
Conhece-se que a maioria das civilizações considerava esse símbolo como o núcleo ou centro sagrado, o que os gregos chamavam de omphalos.
Para os indígenas norte-americanos do Arizona, os pimas, o labirinto representava o caminho que conduz ao alto de sua montanha sagrada. Por essa razão adornavam os cestos e os utensílios cotidianos com essa figura.
Para os zulus, da África do Sul, o labirinto desenhado em volta de suas cabanas representava proteção. Para os escandinavos, as almas dos antepassados habitam os labirintos de pedras e isso os impede de escapar e interferir na existência dos vivos.
A lenda do labirinto de Creta, na Grécia, foi descoberta no século XX, nas colunas do antigo Palácio de Cnosos e influenciou na concepção mágica e religiosa do labirinto a ponto de que os realizados nas pedras receberam o nome de Povo de Tróia ou Parede de Tróia. 


Na Idade Média, ao labirinto se incorporou o símbolo da cruz, e muitas das principais igrejas européias gravaram caminhos de características labirínticas em seus solos. O centro significava Jerusalém, a cidade mais sagrada das Cruzadas, como da Catedral de Chartres na França. Eram utilizados como caminhos de penitência por seus fiéis, que andavam descalços ou de joelhos, orando, enquanto faziam o caminho desenhado. 
É possível encontrar esse tipo de figura nos parques públicos, jardins, escolas, hospitais e igrejas em vários locais do mundo. Na Catedral da Tolerância em São Francisco, EUA, que foi erguida em 1849, estão construídos dois labirintos: um ao ar livre, construído em pedra, aberto ao público, e outro no interior da catedral. Ambos possuem as características da Catedral de Chartres.
Atualmente muitos grupos utilizam o labirinto como caminho de meditação para o autoconhecimento, pois se trata de uma ferramenta de fortalecimento grupal, uma prática de cura e um catalisador para a construção do processo de paz interior.
Durante todo o trajeto, o "peregrino" deve manter um estado de meditação permeável para a conexão com eu-interior. O único requisito imprescindível é libertar a mente de todos os pensamentos cotidianos, para tentar melhorar suas vidas, graças à experiência de seu caminho percorrido. O importante é saber que o peregrino chegará ao centro sem dificuldade, o que propiciará à mente o relaxamento necessário para confiar em seus próprios passos. Essa meditação é uma forma de refletir sobre sua existência pessoal e sua relação com o mundo e o Cosmo.
O labirinto é uma fonte de energia que pode colaborar com o "fluxo energético" daquele que medita no caminho. É uma figura da geometria sagrada que concentra um tipo de energia perceptível. O círculo foi considerado a representação da totalidade; a espiral, uma imagem de transformação e crescimento, e o labirinto, um caminho de meditação.
Aristóteles sustentava que a alma humana pensa em imagens e a geometria sagrada comparte esse conceito; para isso precisamos entender que o Universo está constituído por uma energia em contínuo estado de transformação.

Curiosidades:
Um labirinto protegia dos aventureiros o famoso tesouro do Rei Salomão e o formato labiríntico era também o caminho percorrido pelos profanadores das tumbas egípcias.
O labirinto é um símbolo ancestral, o qual está presente nas mais diversas culturas, tanto no Ocidente quanto no Oriente. Ele é normalmente representado como um complexo de caminhos enredados, elaborados de forma a desnortear aqueles que tentam encontrar a saída.
Na tradição alquímica ele simboliza os desafios e as aflições que os iniciados precisam atravessar para se depurar espiritualmente e assim alcançar a tão sonhada pedra filosofal, ou seja, a perfeição. É neste momento que o adepto alcança o núcleo de si mesmo. Os alquimistas acreditam no que se denomina labirinto de Salomão ou labirinto das catedrais, uma imagem predominante na filosofia cabalista, que encabeça alguns manuscritos desta ciência oculta.
A forma labiríntica pode ser encontrada em edificações tridimensionais, como o mítico Labirinto de Creta, um dos principais mitos gregos. Ou em jardins construídos neste formato, nos desenhos impressos em jornais, entre outros espaços antigos e modernos, como a Internet, concebida igualmente como um labirinto.
Na rede virtual o labirinto ganha uma conotação moderna. Dois estilos engenhosos são utilizados parase percorrer a Web. Em um deles, conhecido como a estratégia de Ariadne sã, todo caminho é assinalado – lembrando a antiga tática de João e Maria, que marcam o trajeto com migalhas de pão -, para que se possa, mais tarde, voltar pela mesma via, se assim o internauta desejar.
No outro, chamado a estratégia de Ariadne louca, o usuário vai navegando sem se atentar ao caminho, através de ensaios e erros, de site em site, sem que seja possível refazer a trilha percorrida. Tanto um plano quanto o outro pode levar o internauta a obter os mais variados frutos de sua busca.
Este símbolo também é usado como uma forma de conferir ao substantivo que complementa as qualidades do labirinto. Assim, por exemplo, fala-se em literatura labiríntica, no sentido de uma obra com trama complexa ou narrativa que opta por caminhos não lineares.
O escritor argentino Jorge Luis Borges se valeu, em muitos de seus escritos, desta imagem envolta em mistérios desde tempos remotos, chegando a compor um texto intitulado ‘O Labirinto’. Ele via o mundo como um labirinto do qual é impossível fugir, pois seus caminhos são totalmente desorientadores e ilusórios.
O labirinto de Creta, um dos mitos gregos mais conhecidos, é edificado por Dédalo para nele encerrar o monstro conhecido como Minotauro, meio homem, meio touro, que constantemente era alimentado com jovens a ele oferecidas. Teseu, guiado por Ariadne, que marca o caminho com um fio de novelo, tem o mérito de destruir esta criatura.
Há os labirintos mais simples, com trilhas que seguem uma única direção e, depois de alguns movimentos circulares, leva as pessoas ao seu núcleo. E há os Dédalos, que têm como objetivo desorientar os viajantes, através de entradas e saídas variadas.
Entre os gnósticos o labirinto também tem uma conotação iniciática, pois o adepto deve percorrer seus caminhos, passando assim por uma espécie de âmago espiritual invisível, onde ocorre a conversão das sombras em luz e, assim, uma renovação pessoal. É quando o ser se depara finalmente com a verdade que busca.
Blog Breves sussuros 

domingo, 10 de junho de 2012

Dia dos namorados!

Adorei o texto:
Cadê a tampa da minha panela?...
Ah, sejamos sinceras mulheres modernas: no fundo, no fundo, a gente quer mesmo é alguém pra dormir protegida no peito...E nem é medo de ficar pra titia não, . É vontade de sentir aquela coisinha misteriosa de "é esse!". Como será sentir isso? Eu sempre sinto que "pode ser esse, ou talvez com algumas mudancinhas possa ser esse ou talvez se ele quisesse, poderia ser esse...". Não, isso tá errado. Quero sentir que "é esse".
Dizem que materializar os sonhos escrevendo ajuda, então lá vai: quero transar com beijo na boca profundo, olhos nos olhos, eu te amo e muita sacanagem, quero cineminha com encosto de ombro cheiroso, casar de branco, filhos, casinha no campo com cerquinha branca. Quero ouvir Chet Baker numa noite chuvosa e ter de um lado um livrinho na cabeceira da cama e do outro o homem que amo.
Quero sambão com churrasco e as famílias reunidas. Quero ter certeza, ali no fundo da alma dele, de que ele me ama. Quero que ele saia correndo quando meu peito amargurado precisar de riso. Que ele esqueça, de vez em quando, seu lado egoísta, e lembre do meu. Que a gente brigue de ciúmes, porque ciúmes faz parte da paixão, e que faça as pazes rapidamente, porque paz faz parte do amor.
Quero ser lembrada em horários malucos, todos os horários, pra sempre.
Quero sexo na escada e alguns hematomas e depois descanso numa cama nossa e pura. Quero foto brega na sala, com duas crianças enfeitando nossa moldura. Que ele me ame como a minha mãe, que seja mais forte que o meu pai, que seja a família que escolhi pra sempre.
Quero que ele me torne uma pessoa melhor, que faça sexo como ninguém e me olhar com aquela cara de "essa mulher é única".
É mais ou menos isso. Achou muito? Claro que não precisa ser exatamente assim, tintim por tintim...
E quando eu tiver tudo isso e uma menina boba e invejosa me olhar e pensar que "aquela instituição feliz não passa de uma união solitária de aparências" vou ter pena desse coração solitário que ainda não encontrou o verdadeiro amor.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Casos Inacabados

Revista Época:


Tem gente que vai ficando na nossa vida. A gente conhece, se envolve, termina, mas não coloca um ponto final. De alguma forma a coisa segue. Às vezes, na forma de um saudosismo cheio de desejo, uma intimidade que fica a milímetros de virar sexo. Em outras, como sexo mesmo, refeição completa que mata a fome mas não satisfaz, e ainda pode causar dor de barriga. Eu chamo isso de caso inacabado.


Minha impressão é que todo mundo tem ou teve alguma coisa assim na vida. Talvez seja inevitável, uma vez que nem todas as relações terminam com o total esgotamento emocional. Na maior parte das vezes, temos dúvida, temos afeto, temos tesão, mas as coisas, ainda assim, acabam. Porque o outro não quer. Porque os santos não batem. Porque uma terceira pessoa aparece e tumultua tudo. Mas o encerramento do namoro (ou equivalente) não elimina os sentimentos. Eles continuam lá, e podem se tornar um caso inacabado.


Isso às vezes acontece por fraqueza ou comodismo. Você sabe que não está mais apaixonado, mas a pessoa está lá, dando sopa, e você está carente... Fica fácil telefonar e fazer um reatamento provisório. Se os dois estiverem na mesma vibração – ou seja, desapaixonados – menos mal. Mas em geral não é isso. 


Quase sempre nesse tipo de arranjo tem alguém apaixonado (ou pelo menos, dedicado) e outro alguém que está menos aí. A relação fica desigual. De um lado, há uma pessoa cheia de esperança no presente. Do outro, alguém com o corpo aqui, mas a cabeça no futuro, esperando, espiando, a fim de algo melhor.
Claro, não é preciso ser psicólogo para perceber que mesmo nesses arranjos desequilibrados a pessoa que não ama também está enredada. De alguma forma ela não consegue sair. Pode ser que apenas um dos dois faça gestos apaixonados e se mostre vulnerável, mas continua havendo dois na relação. Talvez a pessoa mais frágil seja, afinal, a mais forte nesse tipo de caso. Pelo menos ela sabe o que está fazendo ali.  
A minha observação sugere, porém, que boa parte dos casos inacabados não contém sexo. A pessoa sai da sua cama, sai até da sua vida, mas continua ocupando um espaço na sua cabeça. Você pode apenas sonhar com ela, pode falar por telefone uma vez por mês ou trocar emails todos os dias. De alguma forma, a história não acabou. A castidade existe, mas ela é apenas aparente. Na vida emocional, dentro de nós, a pessoa ainda ocupa um espaço erótico e afetivo inconfessável.  
Esse tipo de caso inacabado é horrível. Ele atrapalha a evolução da vida. Com uma pendência dessas, a gente não avança. Você encontra gente legal, mas não se vincula porque sua cabeça está presa lá atrás. Ou você se envolve, mas esconde do novo amor uma área secreta na qual só cabem você e o caso inacabado. A coisa vira uma traição subjetiva. Não tem sexo, não tem aperto de mãos no escuro, mas tem uma intimidade tão densa que exclui o outro – e emocionalmente pode ser mais séria que uma trepada. Ainda que seja mera fantasia.
A rigor, a gente pode entrar numa dessas com gente que nunca namorou. Basta às vezes o convívio, uma transa, meia transa, e lá está você, fisgado por alguém com quem nunca dormiu – mas de quem, subjetivamente, não consegue se esquivar. Telefona, cerca, convida. Estabelece com a pessoa uma relação que gira em torno do desejo insatisfeito, do afeto não retribuído. Vira um caso inacabado que nunca teve início, mas que, nem por isso, chega ao fim. Um saco. 
Se tudo isso parece muito sério, relaxe. Há outro tipo de caso inacabado que não dói. São aquelas pessoas de quem você vai gostar a vida toda, cuja simples visão é capaz de causar felicidade. Elas existem. Você não vai largar a mulher que ama para correr atrás de uma figura dessas, mas, cada vez que ela aparecer, vai causar em você uma insurgência incontrolável de ternura, de saudades, de carinho. O desejo, que já foi imenso, envelheceu num barril de carvalho e virou outra coisa, meio budista. Você olha, você lembra, você poderia querer – mas já não quer. Você fica feliz por ela, e esse sentimento é uma delícia. 
Para encerrar, uma observação: o alcance e a duração dos casos inacabados dependem do momento da vida. Se você está solto por aí, vira presa fácil desse tipo de envolvimento. Acontece muito quando a gente é jovem, também se repete quando a gente é mais velho e está desvinculado. Mas um grande amor, em qualquer idade, tende a por as coisas no lugar. Uma relação intensa, duradoura, faz com que a gente coloque em perspectiva esses enroscos. Eles não são para a vida inteira, eles não determinam a nossa vida. Quem faz diferença é quem nos aceita e quem nós recebemos em nossa vida. O que faz diferença é o que fica. O resto passa, que nem um porre feliz ou uma ressaca dolorosa. 
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)